quarta-feira, 19 de novembro de 2008

José Saramago - Ensaio sobre a cegueira





"Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem"

O mundo literário de José Saramago compõe-se de alguns elementos básicos como: a dúvida do homem moderno em relação ao seu papel em assumir uma posição crítica no espaço, a utilização de uma linguagem que altera a sua expressão gráfica e pontual além de questionamentos sobre o mundo sobrenatural através da imaginação.
Naturalmente, desde o princípio da obra, o autor ironiza o nosso caminhar robótico, quase cegamente sem nos darmos conta do universo que está diante dos nossos olhos. Representando deste modo, uma coletividade degradada, que vive em meio à sujeira, à maldade e à paranóia que contagiam a humanidade cercada por um caos estranho e conseqüente de suas atitudes e sentimentos.
O romance de José Saramago carrega consigo vestígios de um ser humano que deixa de enxergar e está fadado a buscar pela sobrevivência tateando a brancura, uma vez que o mal que assola a cidade ficcional é branco, em contraponto a imundície em que se tornou o seu meio. “O cego ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as, Nada, é como se estivesse de um nevoeiro, é como se tivesse caído num mar de leite, mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é negra, Pois eu vejo tudo branco”. (ESC. p. 13).
Saramago faz uso de um recurso contemporâneo ao confrontar os princípios de civilização que os cegos conheciam com aqueles que são levados a construir. Instaurando e subvertendo situações deixando no texto interrogações de um paradoxo pós-moderno de ser ao mesmo tempo cúmplice e crítico das normas que predominam.
O fio condutor do romance é a cegueira que leva não só os personagens, mas principalmente o leitor a uma profunda reflexão sobre as relações humanas entre o individual e o consciente coletivo.
O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas, mas também, dos seus mundos emocionais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, importa observar o outro para que possa ser restituída a humanização do indivíduo.

* José Saramago é um escritor português, nascido na Aldeia de Azinhaga na província do Ribatejo.
Aos 25 anos publica seu primeiro romance, Terra do Pecado. É autor de conhecidas
obras: Os poemas possíveis, Provavelmente alegria, A bagagem do viajante, O ano de 1993, O evangelho Segundo Jesus Cristo (sua obra mais polêmica), entre outros.
Todo o processo criativo de Saramago foi mundialmente reconhecido quando da entrega do Prêmio Nobel de Literatura, ganho por ele em 1998.

sábado, 16 de agosto de 2008

Piaf - um hino ao amor

A atriz Marrion Cottilard, numa entrega absoluta ao interpretar Edith Piaf, no filme: Piaf -
um hino ao amor. É sem sombra de dúvidas, uma das interpretações mais magistrais de uma
atriz.
É preciso assitir a película para tomar ciência da quase perfeição de um filme que reúne em
um único conjunto: beleza, sinceridade, boa história e atuação incriticável.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Pensando nas palavras do Foucault


"Talvez nenhum outro tipo de sociedade jamais tenha acumulado, e num período relativamente tão curto, uma tal quantidade de discurso sobre o sexo. Pode ser, muitobem, que falemos mais dele do que qualquer outra coisa: obstinamo-nos nessa tarefa;convencem-nos por um estranho escrúpulo de que dele não falamos nunca o suficiente,de que somos demasiados tímidos e medrosos, que escondemos a deslumbrante evidência, por inércia e submissão, de que o essencial sempre nos escapa e ainda épreciso partir à sua procura. No que diz respeito ao sexo, a mais inexaurível e impaciente das sociedades talvez seja a nossa".

In: História da Sexualidade / VOL. 1 - Michel Foucault

domingo, 1 de junho de 2008

Marcas impressas


"Sonhei que o fogo gelou, sonhei que a neve fervia (...), sonhei que ao meio dia havia intenso luar e o povo se embebecia. João se empetecava, Maria se emperiquitava.
Doentes do coração dançavam na enfermaria, a beleza não fenecia". Chico Buarque
Revelações eclodiam pelo ar, ele me dissera que havia uma terceira peça no jogo. Expôs a problemática ao passo que acariciava-me com dedos malemolentes. Juntei os cascalhos e saí pela tangente. Teclávamos feito dois adolescentes no início de sua vida amorosa. Errantes, ávidos, soberanos.
Jamais rascunhei escritos para ele, no entanto, o moço de olhos soturnos e furo no queixo está o tempo todo dentro de mim.
Na noite psicossomática de Aracaju, genitálias se entrelaçam transportando almas para a selva dos instintos.
Tu estás distante, em certo pedaço do litoral brasileiro, és um homem de anseios múltiplos,enquanto eu vou construindo minha palavra sobre sonhos assustados. Não me importam as regras da morfossintaxe, importa-me saber se tu não atenderás mais as ligações da peça intrusa em nosso namoro politizado.
Paro por alguns instantes, volto os olhos para os gestos do Chico cantando "Outros sonhos" e,
ponho-me a desejar-te com a tua língua sugando o céu da minha boca.
Lembro da nossa última despedida, você enviava beijos nas pontas dos meus dedos até que o beijo alcançasse a abertura dos meus poros lúbricos.
O mundo nasce e fenece lá fora, fetos são fecundados em quartos imundos de pousadas no centro da cidade. Assesxuados sofrem com sonhos, cujo conteúdo é educação sexual. Gatos trepam no telhado, penetenciando o silêncio de moralistas que recheiam camas "kingsize".
Vem agora e me adultera com o teu corpo de falso magro, deita sobre mim, abre as minhas pernas, acomoda-se no escuro que é meu e teu. Eu lambo o lóbulo da tua orelha. Leia o soneto do Vinícius, apague a luz e deixa que o resto contamos depois que as marcas de esperma impressas num canto negróide da parede, sejam descobertas.

sábado, 3 de maio de 2008

Caio Fernando Abreu


Cazuza


Onde estivestes de noite.


"Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não se vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio, mas o auxílio bendito de um terceiro elemento, a luz da aurora".

CLARICE LISPECTOR
In:"Onde estivestes de noite"

Sob Medida

Se você crê em Deus
Erga as mão para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça
Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto)
Sou perfeita porque
Igualzinha a você
Eu não presto
Eu não presto
Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua
Costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus
Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agraceça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece

(Sob Medida / Chico Buarque)

Os Incompreendidos de François Truffaut


quarta-feira, 30 de abril de 2008

Sétimo Dia



Já reescrevi essas palavras imundas três vezes tentando elaborar algo que sirva de acalento nessa noite desnutrida de sábado. O telefone não tocou, ele não surgiu e eu fiquei horas a fio conectado num troço que chamamos de rede virtual, a espera do moço que escapuliu pela janela da incógnita.
Custa-me escrever-lhe coisas que mereçam a sua atenção, antes do processo escriturário, eu assisti a um filme pornográfico enquanto acariciava freneticamente meu órgão genital. De lá eu tirei forças para continuar a sobreviver na noite pálida da cidade litorânea. Tua ausência dilacera os minutos que vão se concretizando. É como se o sonho desse lugar ao pesadelo e deste nascesse um filho rejeitado, feio, leproso e amargo. Desejo as tuas mãos sobre a minha pele ossuda, acomodando-se entre os espaços carentes de músculos, vislumbrei a tua língua percorrendo os cantos mais impróprios da minha congênita condição fálica. Saboreei por instantes enfezados o ardor do teu membro estreitando-se por meio do infinito de vasos sanguíneos que residem no meu orifício rei.
Olha eu não escrevo para agradar ou chocar, simplesmente eu obedeço o que vem e deixo que ocorra o processo do dizer. São as palavras que me manipulam e eu acato as suas ordens fantasmagóricas. Não me interessam as rimas e os ritmos que a escrita pode oferecer ao interlocutor, eu quero a desconstrução, sou muitos seres dentro de um invólucro limitado.
Na noite sanguinolenta de sábado, completam-se sete dias que ele partira para um mundo encantado. Agora eu não posso mais ser ator, nem tampouco desdizer conceitos que são expostos por intermédio de palavras que tentam burlar a verdade dos fatos. Ele se fora da mesma forma que viera ao planeta. Do caos placentário surgira para em pouco anos de existência desaparecer dentro de um caixão. Suas carnes que eu tanto apreciei, hoje aniquilam-se na vastidão destrutiva dos vermes que residem na terra seca. São os micróbios que neste momento se alimentam do corpo viril que tu possuías. Ah como dói entender que contos tornam-se histórias macabras em intervalos levíssimos de piscar de olhos.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Clariceando

"Nova era, esta minha, e ela me anuncia para já. Tenho coragem? Por enquanto estou tendo: porque venho do sofrido longe, venho do inferno de amor mas agora estou livre de ti. Venho do longe - de uma pesada ancestralidade. Eu que venho da dor de viver. E não a quero mais. Quero a vibração do alegre. Quero a isenção de Mozart. Mas quero também a inconseqüência. Liberdade? é meu último refúgio, forcei-me à liberdade e aguento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre. Eu quero o fluxo. Não é confortável o que te escrevo. Não faço confidências. Antes me metalizo. E não te sou e me sou confortável; minha palavra estala no espaço do dia. O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo. Só pegarei inutilmente uma sombra que não ocupa lugar no espaço, e o que apenas importa é dardo. Construo algo isento de mim e de ti - eis a minha liberdade que leva à morte."

In: Água Viva / Clarice Lispector.

Fantoches


O dia amanhecera mulambento, enquanto no céu nuvens formavam um desenho que acobertava a cidade agreste.
Rafael enchera-se de alegria mecânica, pois sabia que dentro de algumas horas um corpo regional acomodaria - se dentro do seu. As expectativas masturbavam - lhe com uma película finíssima a espera daquele momento tão desejoso.
A comilança haveria de ocorrer por volta das 19h30m, nesse despertar de anseios primitivos o relógio trabalhara numa desenvoltura de Chaplin. Anunciava – se 20h e nada do nordestino aparecer, quando às 20h10m no quase limiar do suicídio de Rafael. Ouve-se do portão um vociferar regional emitindo sons retalhados, e o quase suicídio desabrochara em botão de rosa.
Os dedos inertes, suores periclitantes, cabeça a mil e a genitália regozijando com o prenúncio da benfeitoria que lhe fariam.
Correu desesperadamente ao portão, sua avidez era narcótica. Situou os olhos no corpo utilitário supondo o estrago amoroso que aquela coisa provocaria em seu envoltório franzino.
Tempo não sobrou para a troca de palavras, estas eram dispensáveis. Naquele instante a missão mais importante do mundo era ter Lucas imiscuindo a sua integridade masculina. A natureza é envolvente: ela me enovela toda e é sexualmente viva, apenas isto: viva. Também eu estou truculentamente viva – e lambo o meu focinho como o tigre depois de ter devorado o veado.*
O corpo objeto começara a se despir dos panos que cobrem as nossas vergonhas, salientes coxas apolíneas estufaram de um short estampado, músculos pululavam como dois cangurus selvagens copulando na Austrália. Lucas era detentor de um membro animalescamente ornado por pêlos juvenis e grossos, à medida que Rafael ia sugando seu falo, sentia-se como se estivesse entrando numa floresta repleta de gnomos, fadas, feiticeiras, príncipes, princesas e lenhadores sorumbáticos.
Deitaram no assoalho gélido roçando de maneira crispada e exacerbada os órgãos que, tornavam-se mais rijos que lascas de estalactite. A cama os aguardava e para lá seguiram com propósitos fecais e necrófilos. Na cama as pessoas promovem catarses diabólicas. Um dentro do outro, um absorvendo a escuridão maquiavélica que o outro poderia oferecer. Operava-se uma síncope lânguida. Rafael estava a ponto de ser retalhado dentro da sua sodomia. Ao passo que Lucas, troglodita, mórbido e indivíduo objeto socava-lhe nas entranhas um pau que tinha o poder de espada mitológica. Prendera-o no vácuo de suas pernas de ébano, fazendo com que o garoto tétrico saboreasse o gosto amadurecido de seus testículos.
Eu quero que você me ame e fique eternamente me amando dentro de mim com sua carne e seu amor (...) infinitamente dentro de mim, me envolvendo, me decifrando.**
Aquelas almas de Deus doavam-se a um prazer sanguinolento, dois machos transgredindo as leis universais.
O clímax aproximou-se e de dentro daquele pequeno orifício emergia uma “piroca” que pingava cheia de esquizofrenia um licor branco, inodoro. Deixando os vestígios da marca daquele ato profano nos lençóis que guardavam o segredo de dois protagonistas de uma encenação execravelmente denominada de amor. E a este sentimento atrelou-se o horror da descoberta dos zumbis diante de sua pequenez como seres “coisificados” pela dolorida subversão de papéis no teatro de Zeus.

* Água Viva / Clarice Lispector - **José Vicente
Luciano Koppensteiner.

Necrófilo

À tarde nublada enlouquecia-o de tal forma que ele observava da janela do quarto andar e sentia se livre para pular. O pulo seria o modo mais salutar de entregar-se ao húmus. A libertação total, onde carne e alma se esfacelariam na amargueza satânica da Terra.
Socorre-me antes que eu descubra de vez que o meu destino final seja partir deste onírico medieval pra uma realidade lamaçal.
Feio ele não era, contudo, procurava dentro do mais subterrâneo de si uma explicação para tamanha solidão corpórea. E se remexesse um pouco era capaz de encontrar um “it” no meio de toda aquela terrificante individualização existencial. Mas ele não possuía um “it” seu ser era oco, negrume de petróleo. O mais horripilante de todos os vácuos, como se a resposta para aquilo que ele teimava em chamar de vida, estivesse aterrada há anos numa pré-história inventada por historiadores mentirosos. Via-se no espelho e procurava um significado plangente para o seu estar no cosmo. Seria talvez um erro do divino que o colocara no Universo por pura falta de opção, visto que lá nas profundezas do umbral os espaços estavam preenchidos.
Quais posições mediante a intimidade com a escatologia um homem deve tomar quando se vê ante ao desespero pleno? Essa era apenas uma entre tantas outras indagações que circundavam sua mente estraçalhada de idéias sombrias.
A tristeza performática, os “olhos de ressaca”, mas era ressaca de estar entre os vivos, porque ele já havia assumido o seu papel de necrofilizado. E como seria trepar com um cadáver? O Cazuza certa vez cantou em uma canção: “Só as mães são felizes”...algo do tipo, “você já tentou transar com um cadáver”..... Pois então, se alguém tentasse fuder com ele experimentaria tal situação. Se tu que me lês é fraco, pára por aqui e prossegue no teu caminho, se tu que me lês e diz: “cara isso está parecendo Augusto dos Anjos fazendo uma suruba com Machado de Assis, Caio Fernando Abreu e Franz Kafka, tendo como platéia Clarice Lispector e Virginia Woolf”. Pára a leitura, por favor, seus miolos talvez sejam plácidos demais para o escarro da agonia de um ser que está na corda bamba entre o sonho e a morte deste. No entanto, não é só de agonização de verme que o homem sem identidade sobrevive. Lembra que eu falei algo sobre experimentar comer um cadáver? Fui atrás dessa história e acabei por descobrir que o homem sem identidade (passarei a chamá-lo assim), colocou uma roupa, apesar da sua condição bacteriana ele possuía roupas e alguns trejeitos de flor murcha e saiu mundo a fora em busca de um outro sujeito que carregasse características semelhantes.
Chegou até a praia, estava obnubilar, contudo, corpos sibilantes caminhavam a beira mar, procurando cópulas sujas. Ele precisava, necessitava experimentar o sabor de um corpo com aura. Criou coragem e percorreu o infinito dos temores.
Sentou-se na areia barulhenta e observou de perto um rapaz que na indefinição da silhueta parecia um camaleão em forma humana, aproximou-se e quando menos espera estava lá o grande camaleão nu, de pau e ancas a mostra. Chegou mais perto, nada disse, tocou em sua perna, passeou a mão pelo órgão reprodutor e começou a sugá-lo, tomando de arrebato na boca, o gosto de um corpo com partículas retalhadas de grãos areníticos. O camaleão abriu-se todo, embora, estivesse encabulado e pediu que lhe chupasse o orifício do ânus, assim o fez: “ah como é lindo ver um macho em posição escancarada mostrando todas as suas delicadezas”. Mas isso era pouco, ele ansiava pela dor misturada ao prazer de ter um outro homem dentro de si. Lambeu ferozmente o camaleão enquanto este gozava e saiu à procura de mais carnificina. Foi quando, quase já tomado pela beleza das espumas do mar que enchiam a areia de uma espécie de esponja branca, bateu-se com um esquálido sujeito. Perguntou-lhe se este teria um isqueiro, o rapaz respondeu negativamente, todavia, questionou-lhe se só o isqueiro serviria. E ali mesmo, na areia inundada de marcas de pés incognoscíveis, transaram. O transeunte entrou dentro, do cadáver como se estivesse perfurando uma parede, sentiu aquela dor inicial e logo em seguida relaxou, de quatro, assistindo aos siris passarem e ouvindo os próprios gemidos de prazer. O outro corpo retirou-se de dentro dele e começou a jorrar esperma, gritando, também gemendo e se diluindo em sensações inomináveis.
Ficou mais um tempo ali sentado e pequenino, feliz por ter descoberto que apesar de tudo, no planeta ainda existem almas que avidamente comem detritos humanos.
Voltou para casa, tomou banho, sorriu mais um pouco, masturbou-se freneticamente, secou-se, aninhou-se na cama e adormeceu sem saber se o sono seria provisório ou eterno.
Luciano Koppensteiner